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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

inexistência

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eu te devoro

e regurgito inteiro
pra te devorar inteiro de novo
até o enjôo

te vomitei nas horas perdidas gastas com a lembrança do teu gosto
ardia meu corpo febril enquanto a brisa da morte gelava-me a alma

para onde virasse meus olhos era teu rosto a assombrar-me a escuridão
eras como sombra a aparecer ao menor traço de luz
[e assim fiquei no escuro-claro da lembrança: mentira insistente a tingir de verdade o registro passado na memória presente]
não está;               não é!           nem foi

“o tempo dilui as pessoas”
não! não espero... o tempo...

te vomitei aos pedaços... esquartejado de enganos, palavras tolas ações levianas
regurgitei teu cheiro, teu toque, separadamente... tuas cores, tua voz entrecortada e distorcida... aos pedaços... tuas formas: tuas partes... estilhaçadas... teu sabor

pus pra fora, por fim, às golfadas
o gosto da tua ilusão, em um alfabeto desconexo

pra nunca mais te juntar de novo
...
(criei tua inexistência)



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