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sábado, 11 de setembro de 2010

Canção das asas
                                                                            August Strindberg

Homens não são maus
Não são bons também

Eles vivem como podem
Um dia de cada vez

Os filhos do pó
No pó devem perambular

Nascidos do pó
Ao pó retornam

Eles receberam pés para caminhar penosamente
Não têm asas

É culpa deles
Ou sua?

...

domingo, 5 de setembro de 2010

homens e anjos

anjos tocam humanos com suas asas cintilantes
têm medo do corte profundo
e se afastam

humanos sonham com anjos
imaginam uma vida de céu
fantasiam e esperam

anjos intuem amar humanos
hesitam escolher a terra
- o conforto das nuvens é conhecido -

e a terra vive de amor eterno
pelos seres do céu

humanos reconhecem anjos imediatamente
amam mesmo a brisa restante

anjos voltam a brincar com outros anjos
saboreando a lembrança da pele proibida
e se outros anjos peraltas
desvendam seu segredo?
anjos – que são sonhos – transformam humanos –
reais – em sonho dos anjos,
adormecem os sentidos recém-descobertos

humanos tocados pelo hálito angelical
não são mais os mesmos
querem a nudez diáfana dos corpos celestes

despem-se de aparências
não suportam mais jogos
se esquivam de mentiras

dedicam-se ao profundo mistério
sagrado e profano
e buscam em outros humanos ver asas também